Nosso foco pretende direcionar sua luz para os poetas que aos poucos se destacam no cenário da literatura, nossa intenção é focar aqueles que tanto na poesia quanto na prosa mostram-se criativos, rítmicos e com idéias realmente novas fazendo com que a literatura abra portas a novos talentos. Não temos preconceito a heterônimos na medida em que todos os escritores em algum momento de suas vidas lançaram mão deste artifício. O que para nós importa é a capacidade literária do autor.
domingo, 27 de maio de 2012
Tonho França
...
Algo sobre meus hábitos ...
Minhas roupas estão gastas
As poucas compotas onde guardo meus chás estão quase vazias...
O clico das flores, mudou, assim como o da lua
a noite traz outras canções que acompanham os ventos,
os pontos cardeais ainda podem guiar as pessoas
mas há cores diferentes e intensas no céu
e é perceptível o seu lento processo de envelhecimento
enganam-se os que pensam ser eterno o firmamento
(o céu muda de humor e cor, constantemente)
minhas preces são rápidas, não há santos ou imagens
nem calendários no branco da cal que cobre as paredes
aprendi a não ter lembranças nas estantes, ou em gavetas
e minha mão ter a calma necessária de trabalhar a massa do pão
a lentidão do fogo incinera lenhas finas
enquanto a memória lembra Boby Dilan
Por isso em noites de lua, deixo abertas as janelas
E por vezes, entre assovios de uma outra canção que chega furtiva
Percebo entre os ramos, as videiras, os anjos que talvez já esquecidos
Acendem vaga-lumes que riscam toda a noite, em estrelas de sorrisos...
Tonho França.
HOJE NÃO TEM POESIA
Mas tem café, bolachas
Pão com manteiga.
Uma receita de bolo
Que era de minha avó –
Hoje não tem poesia,
Sobre a mesa, geléia, torradas macias
Toalha de antigo bordado encontra
O passado sobre a cadeira vazia.
Tonho França
AVESSO DE MIM
O avesso de mim, som e silêncio,
Em tom de cinza suave, marfim.
Ora fere, grita, sangrando corta,
Outras vezes cala, ausenta, definha,
Alinha-se em tão torta linha.
O avesso de mim, aflição e sossego,
Em nuances cáqui, relevos de medo.
Ora adere, fere, torna-se inerente,
Outra exala, espalha, inala e flui
Fazendo-se, tão cedo, ausente.
O avesso de mim, claro e escuro,
Em traços rápidos, ora lépidos, seguros.
Ora em versos livres, diz tudo
Que mundo ainda teima em omitir.
Ora calado insiste, e do lado de fora
Assiste ao pouco que resta cair.
Tonho França
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