segunda-feira, 28 de maio de 2012

Max da Fonseca



Aquariano, nascido em Salvador-BA. Max da Fonseca teve seu primeiro contato com a poesia através de dois amigos, Fabrício de Queiroz e Lucas Matos, sua paixão pela arte foi inflamada por Augusto dos Anjos entre os afagos e escarros deste mesmo. Começou a escrever aos 12 anos e foi muito influenciado por poetas como Castro Alves, Casimiro de Abreu e Gonçalves Dias. Fã de Augusto dos Anjos e de Cazuza, Aos 17 anos, Max tenta conduzir sua poesia tão intensa quanto Augusto dos Anjos e tão ousada quanto Cazuza. Faz questão em focar os coadjuvantes, a escória e o rostos por baixo das máscaras. Sua poesia pode ser tensa.
“Gosto de falar do que sinto, penso ou vejo. A poesia é o meu momento de liberdade, extravaso com palavras minhas dores, amores e saudades. Divido tudo sem pena de fazer feliz ou deprimir.”


FOGUEIRA


O ronco do vento cortante soprando do norte
Arrepia as costas, uiva, transforma, camufla
Os sentidos sentindo os pesares, o frio, a faca, o fogo
A carne assa, os ossos fritam, os olhos fintam (emoção)
O corpo sentado ao chão sujo de uma suja avenida
Chorando lágrimas mudas, suas, camufladas pela chuva.
Sonhos desertificados em miragens, sem coragem, abatido;
Não há brisa -nunca houve-, só tempestade no destino do menino.
Sua fala não é perfeita -quase não fala-, mas toca.
A face é muda de feições murchas, triste, refém (saudade)
Se faz belo em telas de tristezas, não atua, é nato
Não faz pose pro retrato, sem ânimo, sem luzes, é fato
Sua esperança, já cheirada junto à cola, abandonou o coração criança...
Tantas verdades blasfêmias a arder na fogueira,
A sociedade não percebe. Esquece... É guerra!


(Max da Fonseca)

PURO RETORNO


Versos de um pirata
Numa folha de papel reciclado, como o amor,
Escrevo versos limpos (ao menos desta vez).
Limpo toda a sujeira da embriaguez
E descanso o fígado, eterno sofredor.
Brindo o vinho tinto e desembarco em seu porto,
Atraco todos os navios: que venham barcarolas!
Sou pirata em desafio roubando versos da aurora,
Deixando cicatrizes pelo corpo - suado corpo.
E se um dia a morte me disser que vou,
Te deixo a carta, em testamento tudo que não sou:
-jóia rara, flor-de-lis, arco-íris, pureza angelical
Mas se não te agrada; contorna, não demora,
Levo embora tudo que não quis, e te deixo agora:
-os músculos, a carne, o olho de vidro e a perna de pau.



(Max da Fonseca)

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