sábado, 30 de junho de 2012

Sônia Maria Grillo (Baby®









Simplesmente Baby...
Poetisa...

soniamaria@soniamariagrillo.com


Átimo



eu sou
os pedaços de tempo
que a sua paixão
desencadeia
sou a parte incerta
que o seu corpo anseia
sou a dose certa
para seu coração ser feliz
sou a verdade encoberta
só visível pela fresta
do seu olhar
pois sua boca não diz...

_________________________

Estrela


Se chego
como estrela
cadente
e cedo
o perfume
dos meus
canteiros,
é para você
somente
que me entrego
por inteiro!

_______________________


Hipótese



"Se você parisse uma poesia
entre minhas pernas"
os versos se alinhariam
com ousadia
e as rimas deixariam
marcas eternas...

Giselle Sato








Giselle Sato

Giselle Sato é autora Meninas Malvadas, A pequena bailarina e Contos de Terror Selecionados.
Se autodefine apenas como uma contadora de histórias carioca. Estudou Belas Artes, Psicologia e foi comissária de bordo.
Gosta de retratar a realidade, dedicando-se a textos fortes que chegam a chocar pelos detalhes, funcionando como um eficiente panorama da sociedade em que vivemos.



Site- www.trilhasdaimensidao.prosaeverso.net



- Sentimentos - Indrisos



Vento forte , janelas abertas
Cheiro de terra e casa vazia
O silencio abriga a dor

Perda de tempo, não sonho mais
Esperança perdida no passado
Retratos, pedaços...retalhos...

Lágrimas de chuva, caminhos d'alma
Nuvens negras, mescladas de saudades


Vicios


O desejo dói. Castiga em tormentos a ausência.
O corpo quente, ansioso, oferece abrigo, instiga o perigo, testa os limites e sofre.
Solidão.
Silencia a madrugada, suas mãos fortes tocam, procuram, exigem e envolvem.
Feche os olhos, deixe que te guie, confie, estou faminta de prazer, diga meu nome mil vezes enquanto descubro seus segredos.
Medo. Que me roube os vícios.
Vícios. Que me tornam cativa dos teus segredos.
Segredos. Que são apenas fetiches.
Fetiches. Que me fazem sua , apaixonada e sem limites.
Limites. Que dissolvo em sua boca, gemendo baixinho, muito além do bastante.




COLCHA DE RETALHOS- SAUDADES



Busco nas lembranças momentos especiais tecendo uma imensa colcha de retalhos.
Cada pedacinho da minha história alinhavado.
Sianinhas delicadas.
Passamanarias.
Rendas de algodão.
Fitas de cetim e bordado inglês.
Organza e tristeza, tafetá mil delicadezas, seda pura em suaves carícias, deslizando pelo corpo cansado.
Mini flores na ponta da agulha.
Costurando sonhos e amores.
Despedidas enfeitadas por esperança em forma de miçangas.
O tecido ganha forma e volume.
Peso e textura.
Cor e sabor.
Mistura furta-cor de aromas especiais.
Mortalha-casulo da dor e renascimento.
Asas frágeis secando ao sol... sem medo de renascer borboleta.



***

quinta-feira, 28 de junho de 2012

FLÁVIO MELLO






www.flavio-mello.blogspot.com

Site:
www.editoraespacoidea.com.br

http://www.overmundo.com.br/perfis/flavio-mello


FLÁVIO MELLO é o pseudônimo de Flávio Ferreira de Melo, que
nasceu em São Paulo, Capital, em 1978. Formado em Letras,
trabalha como editor e coordenador editorial de livros, palestrante e
professor de Literatura, Artes e Produção de Textos. Publicou o livro
de contos Seleção Natural


HÁ UM GULLAR DENTRO DE MIM
(poema não subversivo)



NÃO É MINHA ESTÁ IMAGEM
DE POETA FERREIRA GULLAR
NO ESPELHO ENVELHECIDO DO BANHEIRO.
Não sou o eu que vejo,
Então veio-me um poeta
(que para mim são como anjos),
dizer-me de minha importância poética,
aquela mesmo que me vejo cego.
“POETA, SAGRADO ÉS TU...”
admiração não se dobra para pôr em gavetas,
pois a memória não é cômoda.
ESTÁ IMAGEM NÃO É MINHA,
Muito menos a mão que empunha pena,
Mão que ergue folha,
Mão que ergue livro, Tomo celestial...
Tomo goles d’água no escuro,
De lirismo afogo-me no pranto,
Ouço de Gullar o riso –
Sobre a mesa espalho-me todo.
Pois para sempre todo sempre
Eternamente infinitamente
Não serei um poeta no espelho
Pois vapor cobre meu reflexo
Que revela mais um ninguém.


Flávio Mello


FOLHAS DE LEPIDÓPTERO


A
BOLA
VERMELHA
DA
GAROTINHA

a abandona na calçada,
espanta os pombos na rua úmida pós-
chuva, golpeia uma e outra poça d’água,
atinge, tinge, umedece o vestido azul
celeste da moça universitária, perdendo
força toca o tronco duma macieira, e,
num singelo espanto, treme, sibila em
frêmito e as folhas como borboletas,
uma a uma, partem-se em milhões.


Flávio Mello



RÉQUIEM DE SICÁRIO


Precipitar-se como chumbo um céu
Sobre um mar inda mais turvo;
Os olhos como petrificados
Em um caminho fumigatório...
O mar – não se abre,
O mar é dissolvido por lágrimas
E as mãos não represam a tempestade!
Todavia, desaba,
Deus como desmancha (dissolve-se),
Deus não me soterre!
(Lá longe, muito mais que, simplesmente, longe
- INFINITO! Sim, Infinitamente...)
Respiro fundo, fecho meus olhos, ergo meus braços
como se em assalto me deparasse, tento imaginar
Deus, seus mãos, LUZ... – num salto mesquinho
parto para este INFINITO (sem cordão umbilical)
que a cada momento se faz MAIOR e
menor
dependendo da velocidade na qual despenco; sim,
despenco como o céu sobre meus pés, como o mar
ante minhas mãos. E a luz, brilhosa, luzente,
chamejante, cintilante, flamejante, fulgente, lúcida,
cada coeficiente fazia-se maior, MAIOR,
MAIOR,
MAIOR,
e, como sombra do espectro infernal,
como o sussurro distante soprado por garganta
rota, minha alma lentamente deixava meu corpo,
em narcose instantânea, senti meus dedos tocarem
as águas do mar, e, cada osso, como vidro,
porcelana, gesso, argila, barro, cera, casca de ovo,
como pós-disparo de arma de fogo, se quebrar... –
primeiro os dedos, depois os braços, depois o
crânio, depois o tórax, depois a bacia, depois as
pernas, depois... depois sobre a superfície da água
uma nódoa fétida como óleo, de petroleiro em
águas castas, singrando rumo ao infinito-mor de
minha alma...
em
busca
de
uma
vela
que
eleve
o leve
pano
nada me é mais querido
que o apito do navio;
que o som do vapor;
que o som do oceano.
E há tormenta em meu cerne
E como verme em germe serve
Como um ácido de sentimentos
Não desbotarei tamanha vida
Pois só o que me reina
É um RÉQUIEM efêmero
... do meu MORRER!


Flávio Mello

GUSTAVO ADONIAS











e-mail: gustavoadonias@bol.com.br

blog: http://www.gustavoadonias.blogspot.com/


Nasci soteropolitano no ano de 1975. Em 1996 vim buscar a palavra como espécie de antídoto (ou refúgio). Desde então a sangria pela palavra não estancou mais. Os versos continuam emprestando sua voz escrita a meus eus. Me sinto verdadeiramente livre em meus versos-asas, como em nenhum outro momento (livre para voar e para pousar onde quiser). Acredito que a poesia brota naturalmente. Num repente. Sinto que de repente eu nasci pra escrever. Publiquei alguns versos nas antologias “Grandes Escritores da Bahia”(Litteris Editora, 2000); no “João Mendes Jornal”, (Faculdade de Direito Mackenzie, em São Paulo, 2006); Delicatta II, (Editora Scortecci, SP, 2007); BlocosonLine (2010);
no site cultural Overmundo e no meu blog.

“Se a poesia não surgir tão naturalmente como as folhas de uma árvore, é melhor que não surja mesmo.” (John Keats)



NO INVISÍVEL CORAÇÃO DO VERSO



Mil sóis brilhando em nós
Na noite selvagem o sangue puro da liberdade
Existir em asas astrais
Em veias abissais
No invisível coração do verso
Feito de nuvem e aço
Etéreo é o pássaro
Da fome da existência
Ilha ferida
De vida e de morte
A dor mareada
Ardor de cilada
Entre o espinho e o nada
A flor da quimera e da paixão
(tudo é um raio)...


(Gustavo Adonias)


SOU MAIS SOL DO QUE PAREÇO...



Com a lua nos sapatos
Sigo a sina
Me embaraço
Choro, chovo
Me desfaço
Sou de sal, saliva
E cansaço (eu não sou de aço)
Trago o coração ilhado, mal iluminado
Mil milhas à sombra de mim mesmo
Singro outros mares
Sangro n´outros poros
Sempre recomeço de onde esqueço
Me torno eu mesmo
Com meus erros e acertos
Quando anoiteço
Sou mais sol do que pareço...


(Gustavo Adonias)


UM DESEJO, UMA CANÇÃO...


No lume do teu olho
O mundo todo é um mergulho
No claro-escuro
Do espaço-tempo
No calor do teu abraço
Se revela o cosmo nu
O vento em teus cabelos revoltos
Um maremoto em meu peito
Nosso leito embarcação
No fundo do teu beijo
Um rio Tejo
Um desejo, uma canção...

(Gustavo Adonias)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

ANA CRISTINA KAYA





Ana Cristina Buonanato é uma mulher forte e sensível, guerreira destemida, batalhadora incansável, amiga leal e sincera, corajosa, amante da justiça, revolucionária e inconformista, muitas vezes incompreendida por seu jeito de ser. Tem qualidades variadas que de uma forma ou de outra faz com que não se pareça exatamente com ninguém...
Gosta de estar rodeada pela natureza, onde se encontra com Deus e quem sabe com fadas e duendes... sonhadora, meiga, as vezes carente ao ponto de necessitar de um colo pra deitar-se e sonhar, muitas vezes descansar e também chorar... uma menina que brinca com a cadelinha Brisa (minha cachorrinha)... aquela que gosta de passear nos jardins do Pacaembu, tirar fotos com os amigos, tomar sorvete no pote, sentar na calçada como moleca de rua...
Ana Kaya , a escritora se auto denomina A VAMPIRA.
Coloca suas fantasias, sonhos, medos e desconfianças num poema... e encontra rima pra tudo...redigindo-os em contos.


+ + +


DE VOLTA ÀS ESTRELAS


Quando, neste mundo minha alma pousou relutante,
Já sabia, que longe de ti estaria, e isso me era revoltante.
Mas, com o choque da luz em meu rosto, cortante
Simplesmente esqueci e abracei a energia mutante.
E nos braços ternos de minha mãe, embalada
Cresci feliz e completa, de nada desconfiava.
Ainda alguns anos de felicidade me foram doados.
Meu destino, pelos deuses perversos ainda guiado.
E foi quando meu tormento teve inicio.
Tudo que tinha e amava caindo num precipício.
E fui ao inferno, guiada pelo senhor da escuridão.
E voltei a Terra, mais sábia com minha missão.
Minha mente desabrochou, agora desperta.
No fundo de meu coração surgiu a centelha divina.
Meu corpo, até então intocado e virginal.
Agora clamava, gritava, exigia.
Em vários receptáculos procurei por tua alma imortal.
Alma que eu sabia e sei, me completaria de forma total.
Enganos, desencontros, mal entendido mortal.
E nem sei se nunca te achei ou se o erro foi fatal.
E nos anos que se seguiram, até hoje, continuo nesta busca infinda.
Sei que existes, paixão de minha vida, metade de mim.
Posso te sentir em todas as células deste corpo, desta alma sem fim.
Não é possível que o demônio me tenha enganado com promessa tão linda.
Sei que existes de verdade, que não foi uma mentira ladina.
Sinto-te, te anseio, te busco, te sei minha sina.
Mas onde te encontras, grande amor de minha vida?
Pois já não vivo, morro a cada dia desde minha partida.
Clamo aos mesmos deuses, todos eles malditos.
Que me levem daqui, deste paraíso mentiroso.
Quero morrer, sim, e voltar a viver em teus braços macios.
Quero sair deste corpo e voltar às estrelas, acarinhada por teu sorriso.


RITUAL FATAL


Era uma pequena vila de pescadores a beira mar. Viviam em pacata felicidade, longe da civilização moderna.
Tinham ainda cultos e rituais antigos, herdados dos antigos ancestrais.
Nesta noite de lua cheia, um vulto destacava-se no alto das pedras do mirante. Usava uma capa negra, que esvoaçava ao vento. Parecia esperar algo ou alguém.
Lá embaixo, na areia da praia, Petra caminhava, alheia ao movimento do festival.
Todos os meses, durante a lua cheia, os aldeões acendiam fogueiras na praia e depois de danças e músicas, deixavam um carneiro amarrado, em oferenda aos antigos Deuses da fertilidade e da abundancia.
Fato era que, ninguém sabia o que acontecia com o carneiro, mas quando o dia amanhecia, ele não estava mais no lugar em que havia sido amarrado.
E a aldeia continuava sua jornada, parindo novos filhos e pescando e plantando tudo que necessitavam para a subsistência diária.
Nesta noite, a lua estava particularmente bonita e brilhante e Petra não resistiu ao impulso de caminhar a beira mar. Era como se estivesse pisando na lua redonda e prateada. Como se andasse no céu.
Todos os habitantes da aldeia, em noites como esta, não saiam de perto das fogueiras e, logo que o festival terminava, entravam em suas casas como se temessem algo desconhecido.
Petra era uma mulher muito teimosa, e não temia a escuridão.
Não ouviu os gritos de seu pai que a alertavam para que não se distanciasse de todos. Continuou caminhando, alheia ao perigo, pensando em sua vida tranqüila e no futuro que a aguardava em breve.
Seu pai havia prometido sua mão, em casamento, muitos anos atrás quando ainda era uma menina. Era este o costume. Petra não amava o seu futuro marido, o achava velho e feio. Mas seria obrigada a aceitar a vontade de seu pai. Era assim que sempre tinha sido. Foi assim com sua mãe, sua avó e todas as mulheres que conhecia.
Mas Petra não aceitava aquela imposição, sempre sonhou em casar-se por amor com um lindo homem, forte e viril.
Caminhava, perdida em seus pensamentos, e não notou que estava sendo observada. Olhos noturnos e vermelhos observavam sua caminhada. Olhos que não perdiam um único movimento. Olhos de admiração.
Petra era muito bela, longos cabelos claros, olhos de um verde quase transparente, um corpo perfeito, pele macia e branca como a neve. Seus lábios muito vermelhos e cheios. Seios fartos.
Muitos homens a desejavam, mas todos sabiam que ela já estava prometida ao Duque Dimaggio, dono das terras onde os aldeões moravam.
Absorta, continuou caminhando pensando no grande amor que nunca teria e no que teria que agüentar o lado daquele velho asqueroso.
Sentou-se na areia, observando o brilho prateado nas ondas que chegavam a praia.
De repente, ela ouviu um ruído as suas costas e virou-se alarmada, quem poderia ser?
Seus olhos encontraram-se com os olhos mais intensos que ela jamais havia visto. Era um belo homem, alto, forte, longos cabelos negros que voavam com o vento. Ela não o conhecia, mas ele era maravilhoso e não parecia perigoso. Estava muito bem vestido, com roupas finas e de corte desconhecido. E usava uma longa capa negra que emprestava uma aparência misteriosa ao todo. Ele a olhava intensamente, ela podia ver o brilho de fogo em seus olhos.
Algo naqueles olhos a atraia, a hipnotizava. Seu coração batia descompassado dentro do peito. Seu peito arfava, o ar entrando nos pulmões em pequenos solavancos.
Quem seria este homem?
Lentamente ele se aproximou de Petra. Sorrindo.
Ela estava paralisada. Suas pernas não conseguiam se mover.
Ele chegou ao lado dela, ainda olhando dentro de seus olhos. Seus braços se abriram e ela caminhou os poucos passos que os separavam e se deixou envolver num longo abraço.
A pele dele era fria, mas seus lábios eram quentes e ele beijou cada milímetro do rosto de Petra. Ela usava uma túnica branca e transparente, a túnica ritual. Não usava mais nada por baixo da túnica. O vento modelava seu corpo embaixo do tecido.
As mãos do estranho iniciaram um passeio por seu corpo deixando-a em brasas. Nunca ninguém a havia tocado daquela forma. Ela era virgem.
Esquecendo-se do perigo e até de quem era, Petra deixou que o estranho a tocasse intimamente. Suas mãos de longos dedos apertaram a maciez dos seios rijos, apertando de uma forma bruta, com ânsia, deixando os bicos duros quase furando a leve túnica.
Desceram pelas costas, pelas nádegas, enquanto continuava beijando sua boca ávida.
Petra nunca havia sentido algo assim em toda sua vida. Ela esqueceu do mundo, do noivo, da família, nada mais importava. Deixou-se levar por aquele estranho homem.
Ele fez com que ela se deitasse na areia e deitou-se ao lado dela, mas numa posição que suas mãos continuaram percorrendo o corpo tremulo. Sua mão gelada levantou a túnica, expondo seu corpo a luz da lua e aos olhos vermelhos que a fitavam com cada vez mais intensidade.
Suas mãos passearam pelas pernas bem torneadas, subindo até as coxas grossas e firmes. Petra gemia baixinho. A mão fria encontrou o ponto quente e úmido entre as pernas dela e ali iniciou carinhos desconhecidos até então. Petra sentiu um dedo penetrando-a, aproveitando-se da lubrificação natural. Um dedo que entrava e saia, rápido, certeiro. O mundo rodou. Petra arqueava os quadris, chorando e rindo, completamente entregue aquele homem maravilhoso.
Os dedos ágeis e molhados da paixão dela, encontraram o ponto certo logo acima de sua entrada lubrificada. Petra gemeu alto, agora implorando para que ele não parasse.
O homem beijava sua boca, com uma língua fria e exploratória enquanto seus dedos a faziam soluçar de paixão.
E no momento que Petra chegava ao clímax, num grito de prazer, o homem misterioso abaixou-se sobre ela e sorriu.
E neste sorriso Petra viu o que a aguardava. Ele não era apenas um homem misterioso, ele era um vampiro.
As presas brancas brilharam ao luar antes de enterrarem-se no pescoço alvo e puro.
Toda sua vida passou diante de seus olhos, seus pais, seus irmãos, sua pequenina casinha e até o seu compromisso com o duque. Ela sabia que não sairia viva dali.
Seu primeiro momento de prazer supremo seria o ultimo. Sua vida se escoava para dentro da boca daquele ser monstruoso.
E num ultimo suspiro ela perguntou:
_ Por que?
_ Você é uma oferenda muito melhor do que os carneiros que me deixam.
E então ela soube que estava sendo sacrificada pelos deuses ancestrais.
Os pais de Petra perceberam que ela não se encontrava ao lado deles durante o antigo ritual. Mas pensaram que ela deveria estar em casa dormindo.
Naquela noite, pela primeira vez, o carneiro amanheceu na praia, intacto.
Mas Petra, ah Petra nunca mais foi encontrada.



By Kaya, the vampire

Cáh Morandi










cahmorandi@gmail.com


http://carinemorandi.blogspot.com


“Eu escrevo sem mãos, sem cabeça, sem pernas, sem corpo nenhum.
Eu escrevo sem rima, sem gramática, sem conotação.
Eu só escrevo com a alma, com o invisível coração que nela carrego.”
Carine Letícia Morandi, filha de Noemia Firmino de Brum e de Laudir Morandi nasceu em 14 de agosto de 1987 na cidade de Santa Izabel do Oeste, Paraná. No ano de 1994 muda-se com a família para a cidade de Navegantes, Santa Catarina, onde reside até os dias atuais.
Conclui o ensino médio no ano de 2004, onde logo em seguida, no ano de 2005 ingressa no curso de Administração de Empresas.
Apaixonada pelas palavras desde cedo, começou seus primeiros escritos ainda na pré-adolescência, sua paixão só aumentou com o passar dos tempos. A maioria de suas poesias tem como inspiração, seus amores, suas razões, sua vida cotidiana, onde em um simples pedaço de papel ou guardanapo inicia, muitas vezes, o que considera as suas melhores criações.


Tempo da Demora



erraram quando dividiram o tempo
e o puseram em relógios...
agora dependendo de dias e horas,
agora há tempo pra contar,
tempo para te ver,
tempo demais para saber
o quanto você demora.


(Cáh Morandi)


Me Repara



Acho engraçada a forma que falas
das coisas tuas, de teus planos,
como me colocas em teus sonhos
mesmo sem malicia alguma;
esse teu diz-não-diz que me ama
que escapa nas entrelinhas
dos teus gestos e de teu olhar;
é lindo como você me nega
e me observa sem perceber;
é lindo como você se entrega
e não repara eu me render;


(Cáh Morandi)

COMPULSÃO DIÁRIA ('CD')





http://www.compulsaodiaria.blogspot.com/


aprendiz de escritor compulsiva.
"O que (já) é não é (ainda) – eis a Surpresa.
O que não é (ainda) (já) é – eis a espera".
(Valéry)


Interlíngua

Ce suis je
sujeito
Je suis cela
Na floresta
Perdida
Je suis chat
Nesta flor está
Tudo e tanto
cuidado
que o contato
todo
num pulo
se perdeu
flor que resta
sou
detrito
abjeto objeto
moi, je crois
1
mar
estrela inquieta
sou isso
enigma
noite quente
lábil
cifra em suspense
entre
a língua e o mundo
-intersentida-
Sou toda narrativa


Compulsão Diária, agosto de 2008


Efêmero


Na janela o vaso acolhe o passo do gato
E amortece o som do guizo
Por um triz, o botão de lírio não acorda
Nina Simone estilhaça a espera
É aviso!
Longe daqui naufraga um navio
A flor explode no bocejo
Just Like A Woman cruza o silêncio
E diz - ninguém sente dor
A bailarina arma o grande salto
Meu coração se fecha e o chão se afasta
Depois, passa.

***
Celeritas


Te leio, luz no vácuo
Te quero constante
Sentimento em velocidade
Te espero, segredo atômico
Entre ondas sonoras
É saudade

THIERS RIMBAUD






Ainda não concluí a partitura na qual componho minha canção.
Com certeza vos asseguro:

“Vivo entre Verbos e Átomos.”

Sou aquele que salva palavras catadas no lixo e provoca orgasmos.
Entre trapos, silêncios e mentiras, tapo a voz amarga que digere os seres.
Mordo a boca, sangro e vorazmente escrevo.

Pensamentos acerca de silêncios

Thiers R >


Aguardo um poema
descalço
desencontrado
desequilibrado
rabiscado
de silêncios



MEDO
Thiers R >


Na frágil linha do arco íris
transita meu medo
como chocolate meio amargo
como fruta cristalizada
como giz que arranha
tenho medo de teu rancor
de teu olhar duro e pontiagudo
que atravessa punhais
sem fachos de luz
na frágil linha
me apunha-lo
me risco
me exponho
porque sou
uma verdade incerta
porque sou
um poeta
que pisa brasa rastejante
em busca de delírios
inveja seca e mofada
senta e ri em meu sofá.


EM CANTO DE OBOÉ
Thiers R >


Talvez porque não me pertençam
tristezas fazem-me bem
tristezas
paralisadas
no canto direito da nuvem
nostálgica gargalhada
histérica
nua
chora
o canto
d’oboé
segundo dormido
cochila
alça caída
tristeza solene
nu ar
peito nu
meu peito
que a mim
provoca
sorrisos e
miragens
margaridas
alcoolizadas


Calidamente balbuciei
Thiers R >



Era um pedaço, apenas um pedaço
de queijo branco na toalha negra
esparramada ao céu
sua beleza transcendia a vizinhança
era uma fatia dormida
na cama dos lençóis em sombras.
penso que a morderia
mas o medo de fazê-la sangrar
me intimidava
Branca dominava o mundo
com vontade infinita
eu permitia que reinasse no silêncio
e espiasse palavras
que gostaria de pronunciar
calei-me
Ali derramou em meu cérebro
sensual branco-azulado, rendi-me
Doei-me no instante divino e
por momentos ficamos unidos em cópula
Eu, a lua e nossos silêncios
os lençóis de sombra invejavam
beijos colados de beleza
cavalguei-a com carinho
e suado apesar do frio da noite de inverno
balbuciei calidamente
- sou teu! -
Fui, porque me dou inteiro
fechei olhos, bebi um copo d’água,
levantei a cabeça
ela se fora na escuridão
deixando-me a sombra por companheira
acendi a luz tendo ao lado
apenas negro teclado onde agora transcrevo
minha doce, terna e intensa noite de amor.



FINGE QUE ME AMA
Thiers R >


Precisava vê-la na rua
a bunda saliente
atravessara a palma de minha mão
Ah! mulher
onde escreveste que meu corpo ejacula?
tesão...
onde coloquei minha palavra?
certamente na saliva
do cuspe que te beijei
Vai...
torpe mentira
arranha minhas costas
finge que me ama
marca
a boca tremula
em mim
depois diz:
-salivei emoção
-escorri desejos
tremulo e sonolento
fui na bandeja
retirei o filme
dei pause
voltarei amanhã

ROSANA BANHAROLI







Rosana Banharoli, jornalista por formação e poeta por teimosia. Representante da sociedade civil, em Literatura no CMCSA(gestão 2008/10). Nascida, 06/01/1960, em Santo André, São Paulo. Publicada, através de participações em concursos literários, em Antologias, com poesias e contos e, em diversas revistas e sites literários. Cadeira nº 23, como titular na Nova Academia Momento Lítero Cultural de Rondônia . Autora: Ventos de Chuva-, pela Scortecci, financiado pelo Fundo de Cultura de Santo André.2011. Trabalha com coordenação e difusão de projetos culturais.


Elas tinham de ser escritas



As cartas que nunca te escrevi
Escrevem minhas noites brancas
Como que enviadas
A remetente não encontrado
E que retornam
Ao destino inicial


Ouroboros


Sob um céu sem estrelas
Luas certezas e poemas
Queimam os dias nas
Tristes horas incertas e vorazes
A deixar mentes irrequietas
Entre a razão e a ilusão
Nas horas que comem horas


Caça


A paisagem
Oferece tesouros
Iluminados de poentes
Onde o poeta
Redesenha palavras
Na ilusão de retê-las


FIM

Na tatuagem rasgada
Prantos e tintas
Diluem nomes e vidas


Visão de mundo


Visito os extremos
Em minutos
Meu mundo
É bipolar

Depois de faxina profunda,
bueiros de Copacabana
receberão tampão


O Globo 6/8/2011


PODEROOSA


A princesinha do mar
Se rebela e começa
A soltar pum
Tanto gás acumulado
Que precisou de especialistas
Para detectar
O tamanho do estrago
E, para poupar o cidadão
A Secretaria de Conservação
Vai tampar todos os bueiros com tampão
E eu, plebéia depois dessa indigestão da realiza
Me sinto a vontade
Para comer batata doce a milanesa.


No jardim


Sob o sol
Plantação de idosos
Em rodas atrofiadas

_________________

MAURO VERAS









http://www.gargantadaserpente.com/entrevista/mauroveras.shtml


Ladrão de sonhos

Eu tenho a voz que defende e as provas que acusam
Em meio a argumentos e suspeitas … sou ladrão de sonhos, sou poeta!
Transformo angústia em poesia, e em realidade transformam-na os patetas!
Sonhos dormem acordados e meus poemas são meus, são minhas verdades vaidosas
meu grito minha crença são mais [...]

(Mauro Veras)


Inocência

Se entendes o amor
como a lírica melodia o apaixonado cantor
estende ao infinito seu canto
se sabes o vazio
que tanto preenche o ardil
de não ter teus braços sobre os meus
se compreendes que amar
é quanto, enquanto e portanto vida
se sabes tudo isso
põe tua boca a serviço do beijo
e seca a ferida das palavras vãs
umedecendo as maçãs do rosto de desejo
mata a sede de ter da boca a saliva os lábios a língua
da alma da boca do corpo que ainda
respira ofegante e latejante na pira
onde arde e respira a alma dos sábios e dos errantes
Se, entretanto, nada sabes sobre o amor
ensina-me, então, esse encanto de pureza
de postar-se sobre a correnteza
como a folha que o rio leva inocente
da superfície calma para a turbulência do mar
pois sabemos que amor é o que se sente
fora e dentro, no ar, na gente
é missa pagã inocente
tendo o corpo e a alma o mesmo altar.


(Mauro Veras)


Nada


Neste mundo
vasto mundo
nada transgride
mais que a beleza!
"Como ousa o infame
nadar contra a correnteza?"
Os punks e seus arames
Os bispos e seus ditames
Todos bebem da mesma água
Todos choram a mesma mágoa
: estar vivo!
Jovens de 60 anos
vivem os anos 60
e hasteiam seus planos
que ninguém mais sustenta!
Convenhamos
: o jeans é peça de marketing
: a ditadura foi banida
: a "esquerda" é a mais votada
: a novidade está perdida
perdida entre ser novidadeira
ou repertir os mesmos esquetes
que a vida inteira a arte já repete
Mudar o mundo
este mundo vasto mundo
dru mund iando rai mund iando
a falta de solução nas rimas
não é mais obra prima,
é repetição!
Mudar a Poesia
esta Poesia vasta Poesia
de here sia em here sia se perd ia
here there and everywhere
aquí allí y por todas
p artes, Arte?
Mudar o homem
este homem vasto homem
con some em hom ens e poe mas
o que a arte con sumiu
e não nas novidades,
mas verdades ...
que já não valem nada
neste mundo
parco mundo
de antigas
novidades!


( Mauro Veras)

Um poema do amor



Mais que o poema de amor
o amor que é mais
muito mais que um poema
O amor que quer mais
quer seja mais
quer seja menos
aquilo que a ele devemos
como dormir no ombro, abraçados
como o café quentinho pela manhã
como o aroma da vida que colhemos
em meio à vã estrada de gozos e agonias ...
e pergunto o porquê dos versos
se o amor é toda Poesia?
O poema estará escrito
em que beijo que recordo
em que abraço que aqueço
em que lágrima que esqueço?
E no porto seguro de seu leito, ancoro
o meu barco de tropeços.
O poema de amor está escrito
em meus passos, cujo preço
é ter amado até o infinito ...
é ter te amado mais que o desejo!



MAURO VERAS, in Vozes de outono, página 108, Ed. Universitária - UFRJ, RJ, 2003.