terça-feira, 6 de novembro de 2012

Ivy Gomide





Biografia - Ivy Gomide

avenca@gmail.com

http://www.overmundo.com.br/perfis/ivy-gomide


2004 surgiu trôpego numa letra; olhou-me e disse: escreva!
Foi assim que a poesia penetrou minha alma plástica.
Musiquei pincéis troquei por papéis.


PREMIADO NO CONCURSO CANON 2011

MORDO O AR
Ivy Gomide



Mordo o ar
em cicatrizes
mordo
Ar que perpassa
instantes
escorre
à janela
vermelho
Mordo
Diluído sêmen
na chuva ácida
mordo o ar
da boca
pingando
cerejas mentirosas
cravo dentes
espirrando
manchas azuis
Mordo a voz
que (des)encanta
o concerto de Mozart
em gargalhada cruel
a face esculpida da lua
queima garganta
em fel
Mordo
Do sangue coalhado
na rasura
da página
mordo porque
não ouviste

Mordo pra lacrar
a tranca escrita:
Afaste-se
- Perigo
Mordo o pedaço
doce da lua
pintado em
branca estrela
engulo-a
com chantilly
derretido
na boca
Tocam dedos
lambuzam mãos
amaciam
árido veludo
Fecham feridas
cicatrizam
horas



MINHA ALMA EM BALA



Letra engasgada
Digere
Isto e aquilo
Sabores di-Versos
Ávidos
Insensatos.
Taças e papéis rondam pensamentos
enquanto a canção resvala.
Minha alma em-bala
O tiroteio acirra
a vidraça sangra.
Des graça..
Viro-a-taça.
Gira o CD
Viajo espaços
Envolta
Nos braços
-Abra SOS-
Restos de ternura alinhavam corpo
Não ouço gritos
Estrangulo dores.
Entorno versos
Umedecidos
Como lenços
Perfumados.



VENT VERT
Ivy Gomide



Senti o perfume
a driblar fronteiras suaves
decidida boca
semi aberta
exala

vent vert
vent vert

que vento verde é este
que me despe
em vertigem ?
vent vert
que vento é este que produz
prazeres inusitados
tragados nas madrugadas
atrás dos passos do sena?
vent vert
balançam os galhos
assopram as paisagens lúdicas
abotoam poeira de livros
provocam êxtases
pelo sena
em la place
reescritas
na folha
espiral
pre cedidas
de ti
vent vert


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

LOLA






BIOGRAFIA DE LOLA

"Sou Lola quando escrevo e não sou ninguém quando a esqueço..."
As poesias, são como filhas..


Agridocemente...


O fio da palavra, talha
corta, marca, traça
risca da pele seu céu
bebe o sangue derramado
suga a sede, desfaz o abrigo
expõe a carne dilacerada
sente, se delicia com fel
sentença em cruéis palavras
faca insinuante, afiada
letras inocentes ou navalhas
lendas, lidas, lindas, alienadas
ilusões, meros massacres
despindo a alma e seus lacres
rasgando seu terno encarnado...

___

Medo...


Tenho medo do calor
que congela minha alma
Medo do que faz me falta...
Medo de me embebedar no fel
revestido de mel,
Medo da luz que me cega,
e minha carne, revela..
Medo sem meios,
entre meios, na veia,
Medo de ser real,
de arranhar-me,
de rasgar-me,
de sangrar,
Medo de ouvir,
um não, um sim,
Medo do visível,
Im pre vi sí vel...
Medo do doce sabor
recheado de dor,
Medo de acertar
tentando errar...
Medo do meu choro,
no gozo....
O medo? De amar...
___


Insone

E ainda assim, surgiu a noite
Veio como não se fosse escura
Mascarou com estrelas acesas
O breu que impregnava as ruas
Não ouviu meus lamentos, se fez foice
Trancou as portas do dia, serviu a mesa
Sorrindo lascivamente, trouxe a lua
Brindou com o orvalho minhas dores
Escorreu lentamente seu leito
Nas doze badaladas noturnas,
Deixou meu presente, um ontem desfeito
Preparou meu amanhã, um hoje soturno
Dormiu quando o sol nascia
E aqui dentro do meu peito
Mais uma ilusão morria...

___
Pecado...


Rubra é a cor que te cobre
doce fruto suculento
Seu aroma faz a oferenda
A língua entre os lábios se move
Salivante entre os dentes
Em desejos se contorce
Sedenta, faminta, seduzida...
A boca se abre lentamente
Lambisca, mordisca
A pele carmim
A carne macia,
Degusta
O néctar exalado,
Cheiro, delírio
Inalado,
Saboreada
fruta do Cio
Ontem, hoje
Amanhã
Maçã...
___

Valete de Espadas ( Jr.)





BIOGRAFIA

Valete de Espadas ( Jr.)

junior.of.spades@gmail.com


Nasceu em Muriaé - uma cidade do interior de Minas Gerais - no dia 30 de Novembro de 1989. Participa de diversos concursos literários,
tendo emplacado neles os seguintes prêmios:

*2º lugar na categoria poesia livre, do Concurso Literário Francisco Beltrão- 2009;
*5º lugar no XXV Concurso de Poesia Brasil dos Reis;
*2º lugar no XIII Prêmio Cidadão de Poesia;
*seleção para a antologia do Concurso Poético Infanto-Juvenil Língua Portuguesa – Cancioneiro, de Portugal.
*3º lugar na categoria poesia livre, do Prêmio UFF de Literatura- 2010.


POESIAS


SEPULCRAL
Valete de Espadas



Na avenida,
a mira apontada
desvela
um destino.
No velório,
a idade avançada
revela
uma voz:
_ O silêncio vive apenas
entre tábuas de madeira,
insetos
e grãos de areia...



ACUSAÇÃO
Valete de Espadas



Eu não entendi que aquele era o tribunal dos reflexos,
sem cadeiras e mesas, com um balcão esfumaçado,
não existia júri seleto nem advogados de defesa;
havia, sim, o recinto ornamentado na demora
pela sentença mal divulgada e definitiva,
escondida em minha consciência, mas
clara na aparência do juiz – espelho
que me intimidava cruelmente:
50 anos,
amigo,
e agora?




LIVRO DE RECORDAÇÕES
Valete de Espadas




Abro o baú do passado

e nele vejo imagens jogadas:

................................... O game eletrônico,
a mochila desgastada,

.................................e um livro, nunca usado.



A chave é a minha mente

e com ela me transporto,

..............................ultrapassando o umbral

............de castelos e fantasias,

......sonhos e regalias ..
.........
............(inconsistências de um descrente...)



É triste folhear lembranças,

............. pesquisar nas andanças,

...............................encadernar o tempo

e reconhecer que perdi

........................(em algum lugar)

...................................o meu sorriso de criança...



*